Interações entre anuros e mosquitos hematófagos

A intereção  na qual existe unilateralidade de benefícios é chamada parasitismo, onde o hospedeiro é espoliado pelo parasito. A família Corethrellidae (Diptera), com seu único gênero Corethrella, é caracterizada por ter uma interação parasítica com anfíbios anuros. As fêmeas adultas de Corethrella necessitam de sangue para desenvolver seus ovos. Contudo, não são atraídas por CO2, como outros insetos, mas sim pela vocalização de machos de anfíbios anuros (fonotaxia). Sabe-se que Corethrella e anfíbios anuros possuem uma relação de coevolução antiga. Há várias linhas de evidência que indicam que as fêmeas de quase todas as espécies de Corethrella se alimentam de machos de anuros em atividade de vocalização. Contudo, essa interação entre Corethrella e anuros ainda não foi estudada no Brasil. Este trabalho visou verificar a composição e a riqueza de espécies de anfíbios anuros e de Corethrella do Parque Municipal da Lagoa do Peri (Florianópolis/SC), assim como testar a atratividade do canto de seis espécies de anuros quanto à abundância e riqueza de Corethrella e verificar a possível especificidade entre espécies de anuros e Corethrella.

De dezembro de 2010 a novembro de 2011 foram realizadas 17 visitas ao Parque, onde foram selecionados 11 corpos d’água. Nessas, se realizou a amostragem de anfíbios anuros por procura ativa e de coretrelídeos com o uso de armadilha do tipo CDC adaptada, onde a fonte de luz foi substituida por um aparelho de som. Reproduziu-se as vocalizações de seis espécies de anuros, todas encontradas no Parque, excetuando-se uma. Foram registradas 19 espécies de anfíbios anuros pertencentes a deis famílias. A família Hylidae foi a mais rica, seguida de Leptodactylidae, Leiuperidae e por Bufonidae, Craugastoridae e Microhylidae. Além disso, foram coletados 70 indivíduos de Corethrella pertencentes a cinco morfótipos. Os cantos de anúncio de Leptodactylus latrans e Physalaemus cuvieri mostraram-se os mais atrativos para a captura de Corethrella, atraindo três morfótipos do total de cinco amostrados, e também a maior abundância. Este estudo fornece as bases para o desenvolvimento de investigações para melhor compreender a interação entre anuros e coretrelídeos no Brasil e, mais especificamente, na Mata Atlântica do sul do país.