Variação espacial e temporal da comunidade de anfíbios anuros em Florianópolis
Grande parte dos estudos sobre comunidades de anfíbios anuros é desenvolvida apenas nos ambientes aquáticos utilizados para sua reprodução, levando a lacunas de conhecimento sobre como se dá a distribuição das espécies ao longo do gradiente ambiental. O entendimento do padrão de distribuição é importante, pois pode auxiliar em estratégias de conservação para o grupo. Nesse estudo foi investigado como a riqueza, abundância e composição da comunidade de anuros variam em função do hábitat e do período do ano em três Unidades de Conservação da Ilha de Santa Catarina. Em cada unidade foram alocados três pares de parcelas de 1000 m2, com distância mínima de 500 m entre os pares. Cada par foi composto de uma parcela ripária e uma não ripária, distante entre si por pelo menos 100 m. O estudo foi realizado de novembro de 2012 a maio de 2013 e ao longo desse período, foram feitas quatro amostragens. Estas foram realizadas no período noturno, empregando os métodos de procura visual e auditiva simultaneamente. Foram registrados 541 indivíduos pertencentes a 15 espécies de nove famílias. A ANOVA de medidas repetidas não detectou efeito do hábitat ao longo dos meses amostrais para a riqueza e abundância. Removendo o efeito do hábitat, a riqueza e abundância tiveram valores significativamente mais elevados nas duas primeiras amostragens (primavera e verão) quando comparadas com as duas últimas (outono). Da mesma forma, quando desconsiderado o fator temporal, áreas ripárias apresentaram significativamente maior riqueza de anuros do que as não ripárias. Scinax fuscovarius, Proceratophrys boiei e Vitreorana uranoscopa foram encontradas apenas em áreas ripárias enquanto que Rhinella abei e Scinax rizibilisnas não ripárias. A abundância dos anuros apresentou correlação significativa positiva com a temperatura. Especificamente, a abundância de Haddadus binotatus teve correlação significativa negativa com a umidade relativa, a de Ischnocnema henselii com a porcentagem de cobertura de dossel com e a de Physalaemus nanus teve correlação significativa positiva com a densidade de árvores. Assim, as áreas ripárias exercem influência na comunidade de anuros dos remanescentes de floresta ombrófila densa da Ilha de Santa Catarina, sendo de relevante importância, contribuindo para a manutenção da biodiversidade de anuros nos fragmentos urbanos da Ilha de Santa Catarina.